Desenhos modernos ou os clássicos?

* Texto retirado no portal Rio Sul Net, que escrevo regularmente sobre cinema, quadrinhos, filosofias e pop art. http://riosulnet.globo.com/web/conteudo/7_273897.asp ( Igor Chiesse )




Hoje quando ligamos a TV e por acaso ou por escolha, vemos um desenho animado, ficamos por muita das vezes estáticos com a qualidade técnica e efeitos utilizados em tal animação. Os desenhos de hoje ganham pela impressionante gama de recursos gráficos, tecnológicos e excepcionais na sua visualização, porém será que estes desenhos podem ser configurados melhores que os antigos / clássicos, sem qualquer efeito de animação extraordinariamente falando?


A resposta é simples: Não. Os desenhos de hoje contam com o arsenal de novidades tecnológicas, enquanto os de ontem “clássicos” contam com uma variada ordem de sensações, envolvimento e raciocínio mais criativo.


Muita das vezes, o que faz um desenho animado tornar-se sucesso hoje em dia depende de tal conjunto de animação e o estúdio que a realiza. A história também é importante, porém a força maior fica a cargo dos efeitos técnicos e artísticos voltados para os mínimos detalhes “praticamente um sinal de tentativa de perfeição animada”.


A evolução pode ser constante, porém o que é o clássico, jamais ou perde o seu encanto mesmo passando de gerações a gerações. Quem quando criança / adolescente / adulto, não viu desenhos clássicos das produtoras: Hanna-Barbera, Walter Lantz ,  MGM , Warner , Tezuka Produções , Tatsunoko e afins.


Episódio clássico do Pica Pau
criado pelo lendário Walter Lantz. * Dublado



Episódio clássico do Pernalonga
pela Warner Bros. * Dublado


Todas as produtoras listadas acima e outras das gerações clássicas não mostradas, realizaram maravilhosos feitos tratando-se de desenhos animados e animes com grandes conteúdos, histórias, envolvimento emocional, raciocínio criativo e divertimento sem precisar forçar o que chamam de barra. Estas produções são exemplo do que há de melhor em desenho animado, sem ficar mais focado na produção técnica do que no envolvimento dos telespectadores.


Os desenhos de antes, nos mostravam mais transparência, não tinham o medo categórico para alguns de errar ou animar por prazer e determinação. Era além de tudo, simples e divertido “função básica que todo desenho deveria ter “podendo assim todos assistirem, sem qualquer restrição de horário e parcelas de uma sociedade, para tal atividade de “entretenimento”. 

Mini Biografia - J. Stuart Blackton ( Pioneirismo no Stop Motion )






James Stuart Blackton (05 de janeiro de 1875 - 13 de agosto de 1941), normalmente conhecido como J. Stuart Blackton, era um produtor de cinema anglo-americano do cinema mudo,  fundador da Vitagraph Studios e entre os primeiros cineastas a utilizar as técnicas de stop-motion e animação desenhada. Ele é considerado o pai da animação americana.

Blackton nasceu em Sheffield, Inglaterra, em 1875. Aos dez anos de idade, ele e sua família emigraram para New York City. Em 1894,Blackton e dois compatriotas Ingleses, Albert E. Smith e Ronald A. Reader, formaram uma parceria para invadir vaudeville.Smith é chamado de "Komikal Konjurer", Blackton foi o "Komikal Kartoonist", e Reader operando uma primeira versão do projetor de slides, foi chamado de "lanterna mágica". Logo após isso, Blackton então consistiu em "sketches relâmpago", onde desenhou rapidamente alterado desenhos sobre uma almofada de cavalete diante dos olhos do público, que acompanha o presente com um fluxo de falar tão rápido. O ato deixou de fazer dinheiro suficiente e logo após o trio se separou para conseguir um emprego regular.

Blackton acabou como repórter / artista para o jornal New York Evening World. Em 1896, Thomas Edison demonstrou publicamente o Vitascope, um dos primeiros projetores de filme. E Blackton, foi enviado a entrevista. Ansioso por uma boa publicidade, Edison juntou Blackton ao seu "Black Maria ", a cabine especial que ele costumava fazer suas filmagens, e criou um filme sobre a mancha de Blackton. O inventor fez um bom trabalho, vendendo a arte de fazer cinema,que ele falou.  Logo posteriormente, Blackton e os seus amigos, Smith e Reader, compraram um projetor para realizar estes projetos.

O primeiro desses filmes é o desenho do Encantado, com uma data de direitos autorais de 1900, mas provavelmente fez pelo menos um ano antes. Neste filme, o artista Blackton esboça um rosto, charutos e uma garrafa de vinho. Ele aparece para remover os desenhos passado como objetos reais, e o rosto parece reagir. A "animação" aqui é da variedade stop-action usado por Méliès e outros.

Tradução : http://en.wikipedia.org/wiki/J._Stuart_Blackton

A primeira animação - Fantasmagorie ( 1908 )

Um marco nas animações : Fantasmagorie de Émile Cohl

Émile Cohl animando uma transição de quadros do
Fantasmagorie.


 A exatos 103 anos ( isto mesmo, 103 anos! ) o diretor francês Émile Cohl, criava o que seria o primeiro registro de animações e tentativas sobre a técnica de animar desenhos. Este marco e feito é algo totalmente histórico e de uma importância incomparável. Afinal, à partir deste pequeno exemplo e " teste " assim vamos dizer, hoje nós temos uma evolução em grande escala no segmento das animações. A animação em si não foca diretamente na história ( isto seria outra técnica mais adiante usada, o roteiro em animações ). É mostrada uma série de cenas sem estrutura narrativa muito elaborada, mas que se transformavam a cada quadro ( daí  surgindo o ato de animar, fazendo animação quadro a quadro ).

Resumo de Fantasmagorie pelo IMDB : 

Fantasmagorie de Emile Cohl é talvez uma das representações mais antigas em filme de animação. Neste caso, os desenhos de giz num quadro negro "pulando" de uma cena para outra, sem qualquer conexão real, exceto para a maneira como as linhas continuam se movendo para qualquer forma ou do modo como Cohl pode pensar . E tudo acontece no espaço de dois minutos! Assim, historicamente, este é um dos curtas de animação mais fascinantes de sempre. Nota : 10 pelo IMBD ( The Internet Movie Database )

Assista ao vídeo Fantasmagorie de Émile Cohl.


Um pouco mais sobre o autor de Fantasmagorie : Émile Cohl (04 de janeiro de 1857, Paris - 20 de janeiro de 1938), nascido como Émile Jean Louis Eugène Courtet, foi um caricaturista francês do Movimento esquecido incoerente, cartunista e animador, chamado "O Pai do Desenho Animado"e "O mais velho parisiense ".





The Skeleton Dance - Walt Disney 1929




Esta é uma das animações da Disney, que mais acho curiosa e diferente nos primeiros anos de sua criação. The Skeleton Dance, ou simplesmente a Dança do Esqueleto, foge um pouco da era Disney nos primórdios em trabalhar com animação de personagens mais sombrios. Acredito que esta "simples" animação da época, felizmente não passou desapercebido entre os admiradores e cultuadores da primeira era das animações, até a nossa era atual. 

A Dança do Esqueleto é um Silly Symphonies de1929 - é um curta produzido e dirigido por Walt Disney e Ub Iwerks. No filme, quatro esqueletos humanos fazem música através de uma dança ao redor de um cemitério assustador. É a primeira entrada na série Silly Symphonies. Em 1994, foi votado em 18º dos 50 Greatest Cartoons de todos os tempos pelos membros do campo da animação. Com todos os méritos, merecia estar figurado nesta contagem expressiva dos Greatest Cartoons por sua divisão de águas na área Silly Symphonies e pelo conjunto de sua obra. 

Sobre a produção : 

Enquanto muitos afirmam que a trilha musical foi adaptado à partir de Saint-Saëns - composição Danse Macabre. Carl Stalling explicou, em entrevista de 1969, que era na verdade um conjunto de foxtrot em tom menor. Stalling sugeriu a idéia para uma série de desenhos animados musical one-shot para a Disney em uma reunião da equipe em 1929. Stalling também se adaptou de Edvard Grieg "A Marcha dos Trolls" para uma parte da música de dança do esqueleto,  de várias maneiras e tocar instrumentos musicais improvisados



Em uma cena, os quatro esqueletos de mãos dadas dançam em um círculo, semelhante aos alunos de dança "Ring um O'Roses Ring". Em outra cena, um esqueleto puxa os ossos da coxa fora de si e faz o esqueleto thighless como um xilofone. Um esqueleto também tem um gato como um contrabaixo, usando um arco e da cauda do gato como as cordas.Um esqueleto de parte as danças do Charleston.


É notável por ser o primeiro desenho animado a utilizar som não-post-sync. Animação à partir deste curta, foi posteriormente reutilizados no Mickey Mouse no curta Haunted House, em que Mickey, tendo se refugiado em uma casa mal assombrada, é forçado a tocar música para os esqueletos dançarem. ( Aqui no Brasil, talvez os conhecemos pela fita cassete chamada " Histórias de Arrepiar - Disney" , lançada entre o fim da década de 80 e o começo da década de 90 ).



O desenho foi criado em preto e branco em filme 1.33:1 padrão de 35mm. A música original, tanto para o título inicial quanto ao término, estava faltando em relançamentos. Então a música (e sons) de  Mickey Mouse no curta The Doctor Mad e a música final de shorts Mickey Mouse da década de 1930, foram utilizados respectivamente mais adiante.




O filme teve um orçamento de $ 5.386

Cartoons Classics, o ínicio.



No dia 06/06/2011, começa no meu diário de bordo uma sessão nostálgica que será compartilhada com os demais. Começa o Cartoons Classics, na qual será destinado a exibição de vídeos do youtube de animações antigas, que por aqui, pouca repercussão possuem. Não somente vídeos, mas também textos , imagens e esboços de trabalhos ( assim como algumas biografias ) de alguns dos artistas que muita das vezes, acabaram sendo esquecidos ( as ) pelo tempo. A idéia deste blog é resgatar não somente o valor das criações de uma época e sim, mostrar que qualidade não se faz somente com tecnologia ou receitas atuais. Meu nome é Igor Chiesse e será um prazer para mim, ter vocês como amigos nesta jornada de conhecimento sobre aquilo pouco divulgado e mostrado.  Conto com vocês, para iniciarmos mais esta parceria de sucesso. Abraços do amigo, Igor Chiesse.